Uma mensagem que circula na internet atacando o manifesto que define os princípios do Partido Socialista Brasileiro (PSB) preocupa a pré-campanha do presidenciável Eduardo Campos e pode provocar a alteração do documento do partido.
A coordenação da pré-campanha demonstra preocupação com trechos que defendem a "socialização dos meios de produção" e limites à propriedade privada.
O tema foi exposto em e-mail enviado ontem pelo coordenador de comunicação da pré-campanha, Alon Feuerwerker, ao próprio Campos. A mensagem foi flagrada pela Folha durante evento do pessebista com a Juventude do PPL (Partido Pátria Livre), no Rio.
No e-mail, Feuerwerker reencaminha uma mensagem enviada por um colaborador que descreve o ataque ao partido que circula na internet. O coordenador questiona Campos, presidente nacional do PSB, se é possível alterar o manifesto do partido na convenção em junho.
"Tem como mexer nisso na convenção de junho?", diz o e-mail do coordenador.
O evento será o mesmo em que Campos será oficializado candidato à Presidência, tendo como vice Marina Silva. A sequência de fotos não mostra a resposta de Campos. Feuerwerker confirmou o envio do e-mail, mas não quis se estender em relação à preocupação da campanha com o documento. "Apenas reencaminhei um e-mail que recebi. Ele não respondeu."
Procurada, a assessoria de Campos não retornou as ligações da reportagem. O manifesto do PSB é datado de abril de 1947. Em seu item 7, afirma: "O objetivo do Partido no terreno econômico é a transformação da estrutura da sociedade, incluída a gradual e progressiva socialização dos meios de produção, que procurará realizar na medida em que as condições do país a exigirem".
O programa diz que "a socialização realizar-se-á gradativamente, até a transferência, ao domínio social, de todos os bens passíveis de criar riquezas, mantida a propriedade privada nos limites da possibilidade de sua utilização pessoal, sem prejuízo do interesse coletivo".
DISCURSO PADRÃO
A troca de e-mails também traz um texto classificado de "discurso padrão" de Campos, de ataque à política econômica do governo federal. O mote é mostrar que "o Brasil vinha melhorando, e parou de melhorar".
O documento expõe a estratégia do pessebista em apontar o que considera retrocessos da gestão Dilma Roussef no combate à inflação, à desigualdade social e no crescimento do país.
"Achávamos que tínhamos derrotado a inflação, e vemos a inflação bater à porta dos assalariados. É um Brasil que achava que havia terminado o tempo de crescer pouco, e o país volta a crescer menos que a América Latina e o mundo", disse Campos à Juventude do PPL, reproduzindo roteiro. O pessebista afirmou que o país perdeu "o rumo estratégico".
"Em 2010, saímos da crise usando os remédios keynesianos clássicos que animaram a economia. Talvez ali não fizemos um debate de profundidade, de ter uma pauta estratégica além de ganhar a eleição. Parecia que a presidenta ia fazer isso em 2011, mas não fez. Houve o contrário. Cresceu a sensação de que as mudanças para melhor foram interrompidas", disse Campos.
O pessebista criticou também o controle do preço da gasolina para segurar a inflação. Segundo ele, isso prejudica o plano de investimento da Petrobras. "Não se pode administrar inflação com preço de combustível."
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