A quinta-feira foi marcada por protestos em várias cidades em um ato chamado Dia Internacional de Lutas contra a Copa, o 15M, em referência ao dia de hoje, 15 de maio. Os gastos públicos com a Copa do Mundo foram o principal alvo das manifestações, além das reivindicações de categorias que estão em greve.
Em Belo Horizonte, a manifestação unificada que foi realizada na região Central e Centro-Sul de Belo Horizonte. O ato contou com a participação de até aproximadamente 1.500 pessoas e ocorreu em pelo menos três pontos da capital mineira.
Durante todos os protestos, importantes cruzamentos foram fechados, o que causou um "verdadeiro nó" na cidade. Grande congestionamento foi formado e motoristas tiveram que ter bastante paciência para enfrentar a lentidão. Carlos França, representante comercial, ficou preso por alguns minutos. Ele tinha um voo para Curitiba às 20h30, mas, só às 18h45, conseguiu virar o carro da Afonso Pena, por exemplo. "É preciso conciliar as coisas porque o pessoal faz protesto, mas não olha as necessidades dos outros", desabafou.
NÓS NÃO PRECISAMOS DE COPA DO MUNDO NÓS PRECIAMOS DE DINHEIRO PARA HOSPITAIS E EDUCAÇÃO |
Após concentração na Praça 7, um grupo de aproximadamente 150 manifestantes ainda seguiu pela avenida Álvares Cabral e rua da Bahia em direção à Praça da Liberdade. No local, eles se reuniram em volta do relógio da Copa e, novamente, queimaram a catraca. Por volta de 21 horas, o movimento se dispersou.
Em São Paulo, cerca de 5 mil pessoas foram às ruas. Entre elas, professores em greve, pedindo por incorporação de um bônus complementar ao salário, a valorização profissional e melhorias nas condições de trabalho. O ato foi organizado pelo Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal (Simpeem). No ato, houve participação também de partidos políticos e movimentos sociais. Manifestantes e policiais militares (PMs) entraram em confronto e foram usadas bombas de gás lacrimogêneo para dispersar a multidão.
Os confrontos começaram quando parte dos manifestantes começou a fazer pichações e tentou invadir uma loja. Após a ação policial, o ato se dividiu em vários grupos. Alguns seguiram o trajeto previsto e foram em direção ao Estádio do Pacaembu. Outros foram em direção à Rua Augusta, onde atearam fogo a sacos de lixo para fazer barricadas. Lojas e agências bancárias foram depredadas. A PM deteve sete pessoas suspeitas de danos ao patrimônio.
Em Brasília, cerca de 200 pessoas ligadas ao Comitê Popular da Copa, ao Movimento de Trabalhadores Sem Teto (MTST), a organizações sindicais e partidos políticos foram à Rodoviária do Plano Piloto distribuir panfletos e chamar a população para aderir aos protestos contra gastos com o Mundial e violações de direitos humanos durante a preparação do evento.
Os manifestantes da capital federal fincaram, em frente do Estádio Nacional Mané Garrincha, cruzes com os nomes dos operários que morreram durante as obras. Em Salvador, cerca de 50 manifestantes também carregaram cruzes semelhantes e se queixaram do gasto de dinheiro público nas obras para o torneio da Fifa. No Rio de Janeiro, cerca de mil manifestantes caminharam até o prédio da prefeitura. Integrantes do Comitê Popular da Copa, atingidos pelas obras de preparação do Mundial, movimentos, partidos políticos e ativistas participaram do protesto contra violações de direitos humanos. Profissionais da educação que estão em greve acompanharam parte da passeata. Já os rodoviários, que encerraram a greve hoje, não se somaram ao movimento.
Os protestos foram organizados por meio das redes sociais. Os movimentos estão programando outros atos até a Copa do Mundo, com temas como saúde, educação, desmilitarização da polícia e direito das mulheres.
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, disse que as manifestações não assustam o governo. Segundo ele, os protestos são democráticos desde que os manifestantes não recorram a atos de violência, e os atos têm apresentado demandas sem relação direta com a Copa do Mundo. Os protestos, ressaltou Carvalho, buscam muito mais se aproveitar da oportunidade e apresentar reivindicações que são legítimas, são naturais, mas que pouco têm a ver com a Copa. A opinião é semelhante à do ministro do Esporte, Aldo Rebelo, que mais cedo disse que o foco das manifestações não é o torneio.
Mais tarde, Carvalho disse que o governo federal não vai mais apoiar nenhum dos projetos em tramitação no Congresso que aumentem as penas para crimes cometidos durante manifestações. Essa é a nossa posição, nós vamos caminhar nessa perspectiva e temos confiança de que sairemos bem lá no final, disse, que esclareceu que a posição do governo mudou após discussões internas e de consultas à sociedade.
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