terça-feira, 29 de julho de 2014

Cristina agradece solidariedade do Mercosul contra agressão dos fundos abutres

A presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, agradeceu “profundamente” a todos os presidentes do Mercosul pela solidariedade com seu país em relação “à agressão dos fundos abutres”, que venceram uma ação na Justiça dos Estados Unidos contra o governo argentino. Segundo a presidenta, a Argentina vem pagando “religiosamente” todos os vencimentos da dívida externa, sem precisar contrair mais empréstimos.
 
Em discurso durante a 46ª Cúpula do Mercosul, em Caracas, Cristina disse que interesses estrangeiros e locais “pretendem assustar” os argentinos dizendo que sofrerão graves consequências se não fizerem o que pedem os fundos abutres. Segundo ela, no entanto, seu país padeceu dessa situação em 2001, quando cumpria com esses ditados.
 
“Os fundos estão imobilizados sem que ninguém decida sobre eles e possam chegar a seus legítimos donos”, disse a presidenta, referindo-se aos recursos destinados ao pagamento de títulos da dívida reestruturada e que foram bloqueados por decisão do juiz Thomas Griesa, do Tribunal de Nova York, a pedido dos representantes dos fundos abutres.
 
Cristina disse que não está pedindo “um presente”, já que a proposta colocada na mesa pelo governo argentino oferece uma taxa de retorno de 300% aos credores de 7,6% da dívida que não aceitaram as reestruturações em 2005 e 2010. Ela também cobrou a revisão das regras dos organismos multilaterais de crédito.
 
A presidenta Dilma Rousseff apoiou a colega argentina e disse que o problema que atinge o país vizinho ameaça todo o sistema financeiro internacional. “Não podemos deixar que a ação de poucos especuladores coloque em a risco a estabilidade e o bem-estar de países inteiros”, disse, cobrando também “regras claras que permitam foros imparciais, previsibilidade e, portanto, justiça no processo de restruturação de dívidas soberanas”.
 
O litígio do governo argentino com os fundos abutres coloca a Argentina sob risco de decretar a segunda moratória da dívida externa em 13 anos, o que pioraria ainda mais a crise econômica no país e teria impactos negativos, também, nos países do bloco. Para que isso não aconteça, um acordo entre as duas partes precisa acontecer até amanhã (30), para que os recursos bloqueados sejam liberados e os credores que aceitaram reestruturar a dívida recebam, sem a decretação do calote.

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