quarta-feira, 11 de junho de 2014

Copa do Mundo no Brasil deve bater recorde de emissão de gases poluentes

Enquanto os torcedores se preparam para viver a emoção da Copa do Mundo, outros calculam as toneladas de carbono que a grande festa do futebol mundial emitirá na atmosfera, uma tarefa obrigatória em grandes eventos esportivos que hoje prometem ser os mais verdes possíveis.
"Não devemos nos contentar em contar o número de aviões", explicou Federico Addiechi, chefe do departamento de responsabilidade social da FIFA (Federação Internacional de Futebol), encarregado da questão das emissões de carbono.
"Também devemos contar as toneladas de cabos que as TVs usarão, o número de horas que as geladeiras funcionarão durante o Mundial, etc", acrescentou.
Segundo a FIFA, a pegada de carbono é de 2.723.756 toneladas equivalentes de CO2. Mais ou menos as emissões da Islândia durante algo mais que seis meses, contribuindo um pouco mais para a concentração atmosférica de gases apontados como responsáveis pelas mudanças climáticas.
Embora a FIFA não conte as atividades que correm por conta do país-sede, como a construção dos estádios, seu cálculo é de grande precisão.
Copa do Mundo verde?
Com dois calções, três camisetas, uma jaqueta, um agasalho, um boné e um impermeável para cada membro da equipe da FIFA, e sabendo que os 2.880 uniformes fabricados na China são transportados de Xangai ao Brasil de navio — isto é, por 20 mil km —, ao que se deve somar outros 1.660 km para o transporte até as cidades-sede, o resultado é de 436 toneladas equivalentes de CO2.
Uma mixaria se comparado com o transporte, que representa 83,7% das emissões e, sobretudo dos voos internacionais, que transportarão 40% dos torcedores do mundo todo.
Não se trata apenas de uma projeção. Na Copa de 2010, na África do Sul, o balanço foi de 1,65 milhão de toneladas, numa estimativa próxima à do Brasil.
Então, qual será a Copa do Mundo mais "verde"? "Comparar não serve para nada", advertiu Addiechi. "Todos os Mundiais são diferentes", dependendo das distâncias que os torcedores tiverem que percorrer, da presença de infraestruturas ferroviárias ou do tipo de energia utilizado.
Um problema matemático
Enquanto isso, Brasil e FIFA juram que foi feito de tudo para poluir o menos possível.
Os 12 estádios deveriam obter certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), modelo de construção e gestão sustentável. Além disso, "a frota de automóveis funcionará com etanol, os motoristas foram treinados em eco-direção e temos um programa ambicioso de reciclagem com a Coca Cola", argumentou Addiechi.
Outros lemas são "sensibilizar" os torcedores e "compensar" as emissões. O Brasil anunciou, no fim de maio, que as empresas que doaram créditos de carbono já compensaram 59 mil toneladas de CO2 equivalente e que a empresa aérea nacional TAM comprou outros créditos.
A FIFA seguirá com 251 mil toneladas (viagens e alojamento de suas equipes...), financiando projetos no Brasil que contemplam reduções de emissões contaminantes.
Estas iniciativas foram recebidas com satisfação pela encarregada do clima na ONU, Christiana Figueres, que destacou que "os grandes eventos esportivos têm cada vez mais medalhas verdes".
Por outro lado, as iniciativas não fizeram sorrir Frédéric Chomé, diretor da Factor X, uma consultoria climática que trabalhou, sobretudo, nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012.
"O problema de todos estes grandes eventos esportivos é que se esquecem das fontes das emissões", explicou. Em particular, de "todos os produtos derivados", como as garrafas de Coca Cola, patrocinador oficial, ou as camisetas das seleções nacionais vendidas aos milhares.
Por outro lado, "durante os eventos internacionais, se vende 1% mais de aparelhos de televisão, ou 20 milhões, em todo o mundo. Sabendo que fabricar um aparelho de TV requer entre 5 e 6 toneladas de CO2, isto representa um total de 100 milhões de toneladas de CO2".
E "se considerarmos que haverá um bilhão de televisões funcionando três horas por dia durante três semanas, isto representa dois milhões de toneladas de CO2".
Um evento esportivo "verde" é "uma quimera", afirmou Chomé. O que se pode fazer no futuro é seguir "critérios ambientais muito mais estritos no momento da candidatura"
Fonte; Do R7

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