Mas um artigo provocador e instigante do amigo Abdon Marinho para a reflexão.
Pode-se não concordar com pontos específicos da reflexão crítica do advogado, mas com certeza traz elementos importantes para o entendimento da nossa condição humana enquanto maranhenses (Rsrsrs). Veja:
1888 também no Maranhão
No Maranhão estamos condenados a nunca termos uma opinião própria e podermos manifestá-la livremente. Tornamos-nos uma terra de escravos, de servos. Pior, de pessoas livres com almas de escravos. Talvez esteja na hora de entendermos que o 1888 já aconteceu e faz muito tempo, só precisa chegar aqui.
Já se passaram 125 desde a princesa Isabel assinou a Lei Áurea e pôs fim a escravidão no Brasil. Aqui no Maranhão ainda precisamos de uma lei assim. Aqui as pessoas insistem em querer ou a atribuir “donos” às pessoas como se os seres humanos não fossem nada.
Ontem, por conta da eleição do quinto constitucional pela seccional da OAB/MA, me vi envolvido em algo assim. Um jornalista disse que eu já havia sido incluído na lista sêxtupla, como cota-parte de meus supostos “donos”. Mais uma vez, como se tornou corriqueiro no Maranhão, ninguém procurou ouvir as pessoas envolvidas na trama sórdida. Felizmente o resultado da eleição veio a desmentir a patranha com relação a minha pessoa. Tive seis votos que me honraram bastante, porém insuficientes até para chegar perto de integrar a lista. Paciência.
Aqui é assim: nos acusam sem provas ou qualquer fundamento. E nós é que temos que provar que somos inocentes. Recebi minha não indicação até com certa alegria, pois ali estava a demonstração, diferente do que fora afirmado, que não fiz parte de qualquer procedimento capaz de gerar dúvida quanto à minha honra ou dignidade pessoal. Como diria certo jornalista, pessoas honradas fazem assim.
Apesar de desmentido pelos fatos, as matérias em continuação ao “furo” de ontem, não conteve um mísero pedido de desculpas. Pessoas honradas se desculpam quando atacam a dignidade das pessoas. Aliás, pessoas honradas não atacam a dignidade de ninguém.
Quem me conhece sabe que jamais aceitaria fazer parte de qualquer coisa assim, participar de jogo de cartas marcadas.
Fui candidato da forma que acredito que deva ser, preenchendo os requisitos, mostrando quem sou e sendo sabatinado pelos membros do conselho. Foi assim que fiz, meu único ato de campanha foi uma carta endereçada aos conselheiros eleitores, contando a minha história de vida. Sequer pedi votos ou visitei qualquer um. Não fiz isso por desapreço e sim por entender que um colégio eleitoral de tão elevado nível sabe escolher, com altivez, sabedoria e compromisso aqueles que melhor representam a instituição com tão elevado cargo. Como fizeram. Os escolhidos, assim como os demais concorrentes, preencheram os requisitos e os conselheiros entenderam que os seis eleitos são os que melhor representam a categoria. Essa é uma prerrogativa do conselho que não cabe, sequer , se indagar.
O objeto deste post é outro. É o atraso que se impõe a todos os cidadãos está deste ou daquele lado. Estamos na Idade Média onde todo cidadão tem um senhor. Ontem disseram que eu era do grupo “A” porque fui advogado e sou amigo de determinado cidadão. Mas também fui advogado de outros cidadãos do grupo “B”, tenho diversos clientes do lado “B”. Ainda assim, sou e pronto.
No império da estupidez, os estúpidos sequer permitem que alguém mude de lado, que não tenha lado ou que seja crítico ou acrítico a ambos os lados. Condenados no nascimento. Nascestes Montecchio morres Montechio, nascestes Capuleto, morres Capuleto. Risível.
No Maranhão ainda somos tratados assim, como se fossemos gado, como se não tivéssemos a capacidade de termos nossas próprias idéias, de sermos donos do nosso próprio destino. Falta mais de um ano para as eleições e já “escolheram” os candidatos de cada um e não podem mudar. Rsrs.
Em pouco mais de uma década já fui chamado de ricadista (quando Ricardo Murad, ingressou n
o PSB, partido ao qual sou filiado desde 1991, primeira e única filiação); depois de jackisista, em seguida de reinaldista; agora que estaria na cota dos dinistas. Não posso deixar de lembrar que outro dia teve algum mais saliente que me chamou de roseanista, isso pelo simples fato de ter dito numa entrevista que achava positivo — independente de qualquer ato de corrupção que tenha ou não havido –, a construção de hospitais e estradas, por parte do governo do estado, foi o que bastou para dizerem que estava pleiteando favores. Vejam que nunca cruzei a soleira da porta de nenhum destes senhores e senhora. Nunca frequentei suas festas, casamentos ou batizados. Nunca privei de nenhum tipo de intimidade com qualquer deles. Não sei onde moram, que ambientes frequentam, se já falei com algum foi em ambiente público ou no meu escritório onde estou todos os dias e recebo quem me procura.
No Maranhão estamos condenados a nunca termos uma opinião própria e podermos manifestá-la livremente. Tornamos-nos uma terra de escravos, de servos. Pior, de pessoas livres com almas de escravos. Talvez esteja na hora de entendermos que o 1888 já aconteceu e faz muito tempo, só precisa chegar aqui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário