A maioria dos dados que circula pela internet todos os dias tem como origem uma interação humana. É o usuário que faz uma foto ou vídeo e pública no Instagram, ou um colaborador de uma empresa que envia um correio eletrônico para um cliente. O crescimento do poder de processamento dos dispositivos móveis e adoção de câmeras e apps estimula esse tipo de atividade.
Hoje, uma família média cria dados suficientes para preencher 65 iPhones por ano. Em 2020, esse número crescerá para 318. Se um byte de dados fosse um galão de água — cerca de 4,5 litros —, em apenas 10 segundos, haveria dados suficientes para encher uma casa de tamanho médio. Em 2020, bastarão 2 segundos.
Para as empresas, isso é sinônimo de alerta: 85% dessa informação gerada por seres humanos têm alguma implicação legal para as corporações, segundo conclusão do estudo “O Universo Digital das Oportunidades: riquezas de dados e valor crescente da Internet das Coisas”, apresentado pela EMC e com pesquisa e análise da IDC. “Se por um lado todos esses dados representam um oceano de oportunidades, geram também muita responsabilidade para as empresas, que precisam manter e proteger esses dados”, alerta o gerente do Executive Briefing Center da EMC, Rodrigo Gazzaneo.
O levantamento mostra que o universo digital está dobrando a cada dois anos e se multiplicará por dez entre 2013 e 2020 – de 4,4 trilhões de gigabytes para 44 trilhões de gigabytes no mercado global. Atualmente, 60% desses dados são atribuídos a mercados maduros, como Alemanha, Japão e Estados Unidos. Mas, até 2020, a porcentagem vai mudar, e os mercados emergentes serão responsáveis pela maioria.
Nesse cenário, o Brasil representará 4% do universo digital global nesse período, passando de 212 exabytes para 1.600 exabytes gerados. Gazzaneo relata que o levantamento deste ano mostrou que o País está crescendo mais rápido que o mundo em geral. Entre os motivos está o aumento contínuo do uso de smartphones, internet e redes sociais; investimento agressivo em TI por parte das empresas latino-americanas; e redução no custo da tecnologia que captura, gerencia, protege e armazena informações. Outro motivo é a perspectiva de realização de grandes eventos, como a Copa do Mundo, e o início da implantação das redes 4G, que trazem a possibilidade de uma velocidade mais alta na transmissão dos dados.
“O momento é positivo, mas é preciso investir mais na preparação desse ambiente voltado para a comunicação mais ágil através dos dispositivos móveis. A infraestrutura digital é fundamental para o desenvolvimento no Brasil”, alerta.
O estudo realizado pela EMC mostrou ainda que os dados gerados por coisas habilitadas por sensores representarão 10% do volume total dos dados transmitidos até 2020. A comunicação sem interação humana envolve equipamentos como GPS, sensores e comunicação máquina a máquina.
A Internet das Coisas, como é chamado esse movimento, abrange bilhões de objetos do dia a dia que estão equipados com identificadores únicos e capacidade de gravar, relatar e receber dados automaticamente — um sensor no sapato controlando a velocidade de sua corrida ou uma ponte controlando os padrões de tráfego.
Segundo o IDC, o número de dispositivos ou coisas que podem ser conectados à internet está se aproximando de 200 bilhões, com 7% já conectados à web e se comunicando por meio dela. De acordo com Gazzaneo, essa categoria de dados autônomos passou a ser mais significante este ano e será ainda mais nos próximos anos. “São pequeníssimos arquivos de dados, mas que vão corresponder a grande parte do total transacionado, porque é tráfego não humano. Isso vai impactar muito a maneira como várias indústrias vão incorporar a inovação nas suas operações”, projeta.
Patricia Knebel
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