Maranhão: vídeo para gente de estômago forte
Josias de Souza
Vai aqui um aviso: o vídeo acima contém imagens fortes. Tão fortes que não devem ser assistidas por pessoas com estômago fraco. As cenas foram descritas em relatório do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) sobre inspeção feita no complexo penitenciário de Pedrinhas, no Maranhão. O documento foi encaminhado nesta sexta ao ministro Joaquim Barbosa, presidente do STF e também do CNJ.
Autor do relatório, o juiz Douglas Martins, que auxilia a presidência do CNJ, disse o seguinte sobre o vídeo: é “a cena mais bárbara que já vi”. O magistrado não é nenhum debutante em ambientes prisionais. A visitação de penitenciárias é parte do seu trabalho. O diabo é que a cena é mesmo forte. Assiste-se na peça aos instantes que antecedem a morte de um preso torturado. Ele traz uma das pernas dissecada –a pele solta, músculos, tendões e ossos à mostra. De novo: só assista se tiver estômago.
Esmiuçado em notícia Juliana Coissi, o texto preparado pelo juiz Douglas é categórico: o governo do Maranhão, hoje chefiado por Roseana Sarney (PMDB), revela-se “incapaz” de coibir a violência no interior do único centro prisional do Estado. Ali, membros de facções criminosas matam-se uns aos outros, agentes públicos são corrompidos, presos com doenças mentais misturam-se aos demais, relações sexuais ocorrem à vista de todos, mulheres e irmãs de presos sem poder sõ estupradas por criminosos que dão as cartas.
Nesta sexta-feira, Roseana Sarney mandou divulgar uma nota oficial. No texto, iforma que criou uma “Direção de Segurança dos Presídios do Maranhão.” O organograma de cada presídio incluirá uma diretoria comandada por um oficial da Polícia Militar. A providência apenas reforça a conclusão do doutor Douglas: o governo do Maranhão é “incapaz” de deter o descalabro.
A nota divulgada a mando da governadora carrega um trecho desconexo: “O agravamento da situação no Sistema Penitenciário ocorreu depois que foram tomadas medidas saneadoras, como a reestruturação das unidades prisionais, a mudança de comando nas Polícias Civil e Militar e na Secretaria da Justiça e Administração Penitenciária (Sejap).”
Ganha uma viagem a São Luís quem for capaz de explicar as razões que levam um governo a adotar “medidas saneadoras” para produzir o “agravamento da situação.”
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