Não dá para considerar como um ‘derrotado’ alguém que nunca havia disputado uma eleição e logo na primeira que disputa é sufragado com 995.619 votos. Quando perdeu a eleição de 2010 para governadora Roseana Sarney, Flavio Dino conquistou 859.255 votos, e havia acabado de sair de uma disputa pela Prefeitura de São Luis apenas dois anos antes”.
A longa entrevista concedida pelo candidato derrotado ao governo do Maranhão, senador Lobão Filho (PMDB), ao jornal O Imparcial, merece alguns comentários pontuais do Blog do Robert Lobato.
Foi a primeira vez, desde quando foi proclamada a vitória do candidato Flávio Dino em primeiro turno, que 0 Lobão Filho falou sobre várias assuntos envolvendo processo o de candidatura/campanha/eleição/derrota.
Como diria o sinistro Jack, o Estripador, vamos por partes. Assim:
Causas da derrota – Lobão Filho destacou como principais causas da sua derrota as denúncias de corrupção na Petrobras; os atos incendiários de ônibus em São Luis as crises da Penitenciária de Pedrinhas e principalmente, segundo o próprio ex-candidato, a expectativa frustradas dos convênios do Governo do Estado com as prefeituras que não saíram.
Na verdade, ninguém, ao menos em teoria, tem mais autoridade para falar sobre as causas da derrota na eleição de governador do que o próprio Lobão Filho. Os motivos elencados pelo senador realmente são procedentes, sobretudo a ausência institucional (dos tais convênios) com os municípios.
Contudo, um outro aspecto que contribuiu para complicar as coisas para Lobão Filho foi a sua coordenação de campanha, desde o princípio criticada por gente que entende do metiê como sendo inexperiente, insensível, ineficiente e completamente por fora dos meandros de uma campanha complexa e com as dimensões desta disputada por Lobão Filho.
Nesse sentido, não obstante todos os motivos destacados pelo senador na entrevista, a incompetência da coordenação da sua campanha também pesou, negativamente, no desfecho eleitoral da coligação “Pra Frente, Maranhão”.
A “vitória” - “Eu não saí derrotado, eu tive quase 1 milhão de votos, esses votos são meus e não do governo e foram depositados em minha confiança, por conta do meu trabalho. Agora ninguém mais pode dizer que eu sou um senador sem votos”, argumentou Lobão Filho quando perguntado se acreditava que saiu derrotado do pleito.
Dizem os mais experiente que eleição não se perde, se acumula.
De fato não dá para considerar como um “derrotado” alguém que nunca havia disputado uma eleição e logo na primeira que disputa é sufragado com 995.619 votos. Só para efeito de comparação, quando perdeu a eleição de 2010 para governadora Roseana Sarney, Flavio Dino conquistou 859.255 votos, e percebam que o comunista havia acabado de sair de uma disputa pela Prefeitura de São Luis apenas dois anos antes.
Com certeza Lobão Filho sai um capital político considerável destas eleições.
Volta para casa e cuidar da vida – Talvez o ponto mais importante da entrevista tenha sido a resposta que Lobão Filho deu quando indagado se os quase 1 milhão de votos são suficientes para que assuma a liderança do grupo ou mesmo seja candidato a prefeito de São Luis em 2016. Veja o que disse o moço: “Eu agora tenho que voltar pra minha casa. Eu agora vou refazer a minha vida. Eu não quero pensar em política agora. Não tem essa visão de permanecer como oposição no Senado. Então deixa o quadro político se estabilizar para eu pensar melhor. Jamais entrarei nessa disputa para prefeito de São Luis”.
Bem, se não estiver com “migué”, Lobão Filho erra em desprezar a posição que o povo do Maranhão lhe colocou a partir do resultado das urnas.
O peemedebista passou a campanha toda afirmando que havia aceitado o desafio de ser candidato a governador porque foi “um chamado de Deus” (e voltou a dizer isso na entrevista para o jornal O Imparcial).
Se o “chamado divino” foi somente para esta eleição tudo bem, ninguém vai contra a vontade do Senhor, nosso Deus.
Mas seria profícuo o Lobão Filho fazer orações para que o Pai Celestial entendesse que é natural, na política, que um candidato derrotada numa eleição para governo tem a obrigação de se portar como líder da oposição, até para cobrar compromissos apresentados na campanha do projeto vencedor.
É aquela história que todos conhecemos: na política não existe espaço vazio, alguém ocupará.
Acho que Lobão Filho sabe disso.
Se não souber com certeza seu pai, o daqui da terra, sabe.
É isso.
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