sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Adolescentes na prostituição: quem são os culpados?





por Evan de Andrade*

Semana passada foi veiculada matéria em que dois homens foram inocentados pelo Tribunal de Justiça do estado de Mato Grosso do Sul e pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) por terem praticado relações sexuais com duas adolescentes. Segundo os magistrados a lide não se enquadra no crime previsto no artigo 244-A, do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), pois, as jovens já se encontravam em situação de exploração sexual.

Sou contra o meretrício. Em qualquer idade. Inclusive, faço campanha contra a prostituição. Todavia, percebo que de fato e de direito esses os homens são inocentes. Afinal, se não foram eles que colocaram essas jovens na prostituição, então, como pode-se condená-los?

Percebo que há um falso puritanismo. Há uma falsa campanha em defesa dos adolescentes. A sociedade mudou. E, esses promotores da justiça (lato sensu) precisam acordar, descer de seus luxuosos carros e dar uma volta pela cidade para que possam perceber isso. Precisam reanalisar suas atuações na defesa da juventude - do futuro. Pois, a temática mudou.

É a sociedade que quer assim... É a liberação desenfreada, a falta de controle sobre os veículos de comunicação de massa que permitem a "mentalização" do sexo. Muito cedo, pré-adolescentes e adolescentes são expostos a conteúdos pornográficos, às vezes dentro do próprio lar, via televisão.

Hoje, basta ligar a TV para ver imagens eróticas ou sugestivas ao sexo nas novelas, em seriados, nas transmissões das paradas gays, nos clipes, etc. E as músicas? As suas mensagens não são mais de duplo sentidos - são claras em suas referencias sexuais. Passando pelas ruas, podemos ver bancas de revistas expondo estrategicamente imagens eróticas para qualquer um que passa por ali.

Publicidade de motéis sem "segmentação" de público. E a Internet - acessível a qualquer pessoa em cada esquina em Lan Hause ou cyber café por até dois reais. E a eficiente "indústria" da pirataria de filmes? Também dá sua parcela de contribuição. Não só pela logística na distribuição - sem restrição de idade e a baixo custo, mas também, pelas cenas expostas de sexo ao ar livre sobre as calçadas. Some-se tudo isso a ausências de pais preparados e responsáveis e teremos como resultado esse quadro flagelante.

Achar culpados da prostituição desses adolescentes não é tarefa fácil. O assunto é muito complexo. Por exemplo: quando uma autoridade deixar de denunciar o desvio de recursos por parte de um péssimo prefeito, ou secretário, ou governador! Recursos esses que seriam destinados à construção de escolas ou a projetos de geração de empregos. Esta na verdade, através de sua negligência em denunciar e aplicar a lei, contribuindo para a prostituição e outras moléstias sociais. Reflita e veja o nexo causal.

Mas, o ponto principal é a família. Aqui está o segredo não só do combate à prostituição, como de inúmeras outras mazelas. Filhos não planejados, divórcios, falta de oportunidades, despreparo e ausência dos pais, influencias perigosas, etc., também remetem jovens à prostituição.

Voltando ao caso. Dizer que essas adolescentes eram ingênuas é duvidar de nossa inteligência. A própria justiça concede maioridade antecipada para adolescentes que querem casar. Firmando que já possuem condições suficientes para serem responsáveis, inclusive pela prole; que já possuem conhecimento para decidir o que é certo ou o que é errado.

Qualquer pessoa que ame a justiça, a verdade e o respeito pode ser um autentico promotor ou causador de justiça social. E, são desses cidadãos, desses agentes que precisamos na linha de frente do combate à prostituição e não de "tapadores de sol com a peneira", de "juntadores de leite derramado". Desses já estamos cansados! Pois, a temática mudou! Como trabalhar o elemento na sociedade para que não entre na prostituição? Ou melhor, como trabalhar a própria sociedade para que não transforme jovens em objetos - são os novos focos.



Agora, quem pode atirar a primeira pedra nesses madalenos ou nessas madalenas? Quem tem bagagem para isso? Não se pode falar em culpado, mas, sim, em culpados. Pois, toda a sociedade contribui para que essas adolescentes enveredem pelo sombrio caminho da prostituição sem perspectiva alguma de vida.

*Radialista, Apresentador de TV e acadêmico de Gestão Empreendedora

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