
O discurso de Lula é parte da estratégia petista de levantar a bandeira anticorrupção no momento em que os candidatos de oposição à presidente Dilma Rousseff, principalmente Aécio Neves (PSDB), fazem referência ao processo do mensalão quando querem criticar o modo do PT de fazer política. "Esse governo certamente tem defeitos, como o meu governo teve defeitos, mas o que nós temos que comparar somos nós [PT] com eles [PSDB]. Não tenho medo de comparar em nenhuma área, inclusive na questão da corrupção, porque tem um jeito de não ter corrupção nesse país: contratar alguém para levantar o tapete e jogar coisa para debaixo", disse Lula. Durante o programa partidário que o PT levou ao ar na noite desta quinta-feira (15), a bandeira ética apareceu ilustrada por imagens que remetiam ao discurso do ex-presidente no encontro nacional do partido, na semana passada.
Na ocasião, Lula disse que quem comete erros "precisa pagar por eles". O ex-presidente afirmou ainda que "estão com medo de Dilma" e que nunca viu "tanta virulência e ataque preconceituoso contra um governo" como tem visto contra a presidente. Lula citou o discurso do deputado Paulinho da Força (SDD), no ato do Dia do Trabalho, em São Paulo, quando o ex-presidente da Força Sindical chamou Dilma de "maldita". "A Dilma é uma uma mulher fina, ela é formada na Unicamp, é uma mulher letrada. Pensei que iam tratá-la com um pouco mais de delicadeza", completou o petista. "Tem uma parte da sociedade que está preocupada. No início, quiseram ficar a favor de Dilma e jogar ela contra mim. Não colou. Agora, estão com medo da Dilma. Nunca vi tanta truculência e ataque preconceituoso contra o governo como vejo contra o da Dilma", disse Lula.
REGULAÇÃO DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO O ex-presidente defendeu o marco regulatório dos meios de comunicação e afirmou que a medida não é para fazer censura ou controlar o conteúdo veiculado na imprensa. "Não venham dizer que isso é censura, que estamos tentando controlar os meios de comunicação. Quem tem que controlar os meios de comunicação é o expectador, o leitor. O que nós exigimos é que haja neutralidade", explicou. Segundo Lula, será "uma batalha" aprovar a regulação da mídia, bandeira defendida por vários setores do PT, inclusive por Rui Falcão, hoje presidente nacional da sigla, desde o início do governo petista. "O Brasil está amadurecendo. Estamos ganhando espaço para começar a fazer um debate maduro sobre o marco regulatório dos meios de comunicação desse país", afirmou Lula, bastante aplaudido. "Ninguém quer censurar ninguém, só queremos gritar mais alto: liberdade, liberdade, abra as asas sobre nós", completou.
HISTÓRICO COM BLOGUEIROS
Por duas vezes, Lula concedeu uma entrevista coletiva a blogueiros. Em 2010, ainda como presidente da República, e em abril deste ano, quando afirmou que a economia do país precisava melhorar, comentou a polêmica compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, que levou a presidente Dilma Rousseff para o centro da crise envolvendo a Petrobras, e fez um balanço sobre o processo do mensalão. O ex-presidente classificou como "violência" a maneira como a entrevista foi tratada à época por "alguns setores dos meios de comunicação" e disse que, por não ter nenhum cargo público, pode conceder entrevista "para quem quiser". "Fiquei 'deprê' com a violência com que alguns setores dos meios de comunicação trataram a entrevista que dei a blogueiros em abril. Eu não tenho nenhum cargo público e me dou o direito de dar entrevista para quem eu quero, para responder o que eu quero, na hora que eu quero. Essa é uma conquista de um cidadão brasileiro", disse. "Quero pedir desculpa por terem tratado vocês com tanta violência", afirmou o ex-presidente em referência a como, segundo ele, blogueiros que estavam no evento e também o entrevistaram no mês passado, como Conceição Lemes, editora do blog Viomundo, foram tratados pela "grande imprensa". "Chamaram vocês de blogueiros sujos, como se eles fossem limpos", disse Lula. Nesta sexta-feira (16), o ex-presidente participou do 4º Encontro de Blogueiros e Ativistas Digitais, em São Paulo. Foi a segunda vez que esteve no evento. Em 2011, fez parte de uma das mesas, em Brasília. Ao lado de Lula, estavam presentes o ex-ministro da Saúde e pré-candidato do PT ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), o senador Eduardo Suplicy (PT), e os deputados federais José Mentor e Paulo Teixeira, do PT-SP
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